sábado, 8 de janeiro de 2011

Com 40 anos de plenário, Henrique Eduardo Alves é aliado incômodo do governo




Às vésperas de completar 40 anos na mesma função, a de deputado federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) coleciona derrotas nas disputas para o Executivo e tem no bastidor político de Brasília o seu habitat.




Alves, 62, tomará posse de seu 11º mandato consecutivo como deputado federal em fevereiro. Hoje, ele é líder da bancada do PMDB na Câmara e o nome mais cotado pelo partido para presidir a Casa a partir de 2013.



Decano da Câmara, ele só perde em números de mandatos, segundo a Casa, para quatro ex-deputados.



Das tentativas frustradas de atuar no Executivo, a de 2002, quando se deu como certa sua indicação para a vice de José Serra (PSDB) na chapa à Presidência, foi a mais notória.



A aspiração ruiu após a revista "IstoÉ" publicar afirmação da ex-mulher de que ele tinha US$ 15 milhões no exterior. Alves chamou a história de "delírio" e sumiu de cena. Rita Camata (PMDB-ES) foi indicada em seu lugar.



Porta-voz nas últimas semanas da reação peemedebista pela manutenção do espaço do partido no governo Dilma Rousseff, Alves desempenha hoje o papel em que sempre demonstrou maior desenvoltura --o de articulador político de bastidores, notadamente de interesses partidários e de aliados.



Liderou o movimento, no PMDB, para elevar o salário mínimo para acima dos R$ 540 oferecidos pelo governo, no fim do mandato de Lula.



"Falo a verdade. Por isso, sabem que sou confiável", diz Alves, sobre os embates recentes com o governo.



Como principais interlocutores, o peemedebista conta com o vice-presidente Michel Temer e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).



O CLÃ ALVES



O deputado é herdeiro político de um dos principais clãs nordestinos, montado pelo ex-governador e ex-ministro Aluísio Alves (1921-2006), cassado pelo Ato Institucional nº 5.



Apesar disso, Alves acabou, no decorrer dos anos, foi "destronado" dentro do clã pelo primo Garibaldi Alves Filho, que foi prefeito de Natal, presidente do Senado, duas vezes governador e, desde o dia 1º, é o ministro da Previdência de Dilma.



"O Garibaldi não tem rejeição, é uma pessoa conciliadora, uma pessoa que agrega. Eu, por ser filho do maior líder popular do Estado, tive que brigar mais", diz.



Quatro anos antes de morrer, o pai do deputado deu à Folha a sua explicação: o sobrinho Garibaldi teria herdado a liderança popular; o filho, "a articulação política".



Adversários também têm sua versão: a de que Alves priorizou viagens e a vida em Brasília ou no Rio, o que lhe rendeu fama de bon-vivant.



"Já o Garibaldi é aquela coisa, não perde um casamento, batizado ou enterro", afirma um deles.



AS DERROTAS



O fato é que, embora tenha colecionado vitórias nas articulações de bastidor --sua ação levou o governo a suspender as nomeações do segundo escalão--, Alves coleciona derrotas nas tentativas de ingresso no Executivo.



Foi assim quando tentou a Vice-Presidência na chapa de Serra e nas duas disputas pela Prefeitura de Natal, em 88 e 92. Na última, o clã rachou e ele teve que enfrentar a irmã gêmea, Ana Catarina, o que assegurou a vitória de Aldo Tinoco no 2º turno.



Os adversários alfinetam. Dizem que foi como se Ulysses Guimarães (1916-1992) tivesse perdido a presidência da Câmara para um suplente de deputado.



"Perder por 700 votos de diferença, com a irmã contra, foi duro. Não por mim, mas por meu pai, que sofreu muito", diz Alves, que elenca esse momento e o da cassação do pai como os mais difíceis de sua carreira.



OS NEGÓCIOS



O deputado declarou em 2010 patrimônio de R$ 5,6 milhões, o que inclui cotas da TV Cabugi (retransmissora da Globo) e do jornal "Tribuna do Norte", o de maior circulação no Estado.



Em 2007, a Folha revelou que ele usou verba pública para bancar reportagens em seu grupo de comunicação.



É separado, pai de três filhos, e atualmente namora a jornalista Laurita Arruda.

Em 1998, tratou um câncer nas cordas vocais

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