Governo já teria designado atual vice-presidente do banco como interino
A crise na Argentina foi agravada hoje ao ganhar novos elementos. A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi à público criticar seu vice-presidente, Julio Cobos, que demonstrou interesse em concorrer às eleições presidenciais na disputa com o ex-presidente Néstor Kichner.
A advertência ocorre um dia depois de Cristina Kirchner demitir por decreto o presidente do Banco Central, Martín Redrado, que se recusa a deixar o cargo.
Acirrando ainda mais a tensão política na Argentina, Cristina Kirchner levantou suspeitas sobre a fidelidade de Cobos ao governo. Para ela, seu vice estaria por trás da resistência de Redrado a renunciar ao comando do Banco Central.
Em tom de desabafo, a presidente reclamou de Cobos, a quem acusa de estimular Redrado a não renunciar. Segundo Cristina Kirchner, pessoas de sua confiança lhe contaram das supostas articulações políticas de seu vice-presidente.
"É estranho ver alguém que te acompanha na sua ação [de governo] que é candidato de oposição para a próxima eleição [presidencial] e ainda que participa em discussões contra o governo", afirmou ela.
Ontem, a presidente demitiu, por decreto, Redrado. Ambos divergem sobre a utilização de cerca de US$ 6,6 bilhões das reservas estrangeiras para pagar vencimentos da dívida externa em 2010.
Cristina Kirchner defende a utilização, enquanto o presidente do Banco Central é contrário. O governo já teria designado Miguel Pesce, atual vice-presidente do BC, como interino. Mas o esforço é nomear Mario Blejer para a função.
No entanto, pelas leis argentinas, o Banco Central é autônomo. Ainda segundo a legislação, o presidente da instituição deve ser designado e destituído via Congresso Nacional.
O mandato de Redrado acaba em setembro. Nos últimos dias, ele afirmou que continua trabalhando normalmente. Redrado conta com o apoio da oposição que tem maioria no Parlamento.
A imprensa argentina informa que Cobos teria marcado uma conversa no Senado para buscar o fim do impasse em torno de Redrado. Mas hoje, a presidente Cristina Kirchner negou ter designado seu vice para negociar com os parlamentares.
A presidente da Argentina condenou ainda a decisão de uma juíza que determinou a suspensão dos efeitos do ato que estabelece o Fundo do Bicentenário que é formado pelos recursos das reservas do Banco Central.
AGÊNCIA BRASIL
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